Marrakesh, 11 de Outubro - Amilcar Tivane, falava na Reunião da ConstituênciaAfricana do Grupo 1 do Fundo Monetário Internacional, do qual Moçambique faz parte. Na sua locução frisou o facto de existir uma janela de oportunidade para materializar uma vontade e aspiração de mais de uma década, ao nível da Constituência Africana do Grupo 1 no FMI.
As Constituências são grupos de países de uma determinada região do Mundo que se reúnem, a nível ministerial e de péritos, para discutirem assuntos comuns, ligados ao desenvolvimento e estabilidade socioeconómica e financeira de cada país.
A Constituência Africana no FMI é formado por 2 grupos, AfG1 com 22 países e AfG2 com 23 países, perfazendo no total 45 países africanos. Estas Constituências reclamavam maior voz, maior representação para melhorar o volume de trabalho, principalmente com os processos de reestruturação da dívida pública em que muitos países africanos estão envolvidos, que é igualmente o caso de Moçambique.
Tivane fez ainda menção ao facto de que a terceira cadeira para Africa Subhariana no Conselho de Administração do FMI visa assegurar, portanto, a melhoria do padrão de voz e representação da África Subhariana. ‘Então não devemos perder muito tempo,devemos sim concentrar-nos no processo para assegurar que de facto a nota que vai apresentar a arquitectura da repartição dos 45 países por estas três Constituências, traga já um figurino claro, concordo como estabelecimento do Comité Ministerial Conjunto (Nigéria, Serra Leoa e Kenya). Moçambique e Zâmbia fazem parte do Grupo de Consulta.
Finalizando a sua intervenção, o Vice-Ministro da Economia e Finanças disse ser desejável que antes do fim daquela reunião anual tivéssemos um cronograma de trabalho com metas claras sobre como é que este processo vai evoluir. “Eu creio que não devemos esperar até abril. Abril já fica tarde. Em dezembro nós temos que ter a arquitectura, portanto, da repartição dos três grupos”, disse Amilcar Tivane.
Nesta Sessão foi ainda apresentado e adoptado o Relatório Anual de 2023 do Director Executivo. O relatório apresenta a evolução económica global e regional e as perspectivas económicas, nomeadamente para a região da África Subsariana. Apresenta também questões políticas formalmente discutidas pelo Conselho Executivo do FMI durante o período em análise, incluindo Análise Macroeconómica, Política e Estratégia, e Empréstimos e Operações do FMI.
O Relatório aponta para uma previsão de crescimento na África SubSahariana (ASS) de 3,3% em 2023, antes de acelerar para 4,0% em 2024. Prevê-se que as duas maiores economias da região, nomeadamente a África do Sul e a Nigéria, apresentem um abrandamento considerável. A este respeito, espera-se que o crescimento da África do Sul desacelere de 1,9 por cento em 2022 para 0,9 por cento em 2023, na sequência de persistentes escasses de energia.
Para Moçambique as projecções indicam uma taxa de crescimento de 7.0% para 2023 e 5% para 2024, previsões alinhadas com os instrumentos nacionais.
Em resumo A região continua a enfrentar elevados níveis de inflação, especialmente na categoria alimentar. A insegurança alimentar continua a ser um desafio premente, estimando-se que mais de 140 milhões de pessoas na ASS estejam altamente inseguras em 2023.
Segundo o relatório, muitos dos países das regiões enfrentam elevados níveis de sobre endividamento. Os custos dos empréstimos continuam a aumentar. Com grandes pagamentos de dívidas a vencer, pressões cambiais contínuas e taxas de juro mais elevadas durante mais tempo, as obrigações do serviço da dívida aumentaram.